O Furo da Deusa
Talvez por não cumprir sua função integralmente,
E, aliás, não lhe determinaram função alguma, Estava lá presente bem abaixo da cintura, da anca; Por trabalho não bem terminado fez-se um furo indecente. Furinho bobo, sem função e mesmo sem ter valor algum. Secção fibrosa de agulha mal enfiada: um átimo, um triz. Mas detestável se notado, estava lá botando banca, Incomodando com certeza, mas sem razão nenhuma: Como vestígio, marca, buraquinho, mal formada cicatriz. Como viver feliz convivendo com imperfeição tamanha? Furinho malvado a crescer se posta nádega em arrebite, Se baixado o corpo na dança ou banhado na espuma do mar. Plástica Medicina! Socorra a beleza pelo amor de Afrodite Por demais bela condenada a sofrer e com maldição se olhar. Com bisturi, seringas, bandagens, soros e hábil mão estranha, Extirpa a praga, arranca a nódoa que com banha há de se tapar. Renasça-se a pele, refaça-se o tecido, por artimanha profunda. Ah deusa! - hei de exclamar pelo novo tempo e pela linda bunda.
CA Paulon
Enviado por CA Paulon em 14/08/2007
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